segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Madame Bovary e o Realismo

Madame Bovary, de Gustave Flaubert


Obra de 1857Madame Bovary pertence ao conjunto fundamental da obra de Gustave Flaubert. Considerado pela crítica mundial, e especialmente pela crítica francesa, como um de seus maiores escritores, conseguiu um modo de narrar que passa a ser inaugural na história da narrativa. Competência ímpar no procedimento de isenção, faz emergir o enunciado, em detrimento de uma enunciação. Madame Bovary consiste, portanto, numa obra singular do Realismo Francês e numa obra decisiva da modernidade ocidental, ao lado de obras como o livro de poemas As Flores do Mal, de Charles Bauldelaire e a obra plástica de Édouard Manet.
O romance realista e polêmico, é dedicado ao adultério. Reflete uma sociedade provinciana e moralista que não se coaduna com a personalidade romântica que Emma Bovary, a protagonista, inventou para si própria. O retrato de uma mulher insatisfeita com a vida provinciana e a falta de paixão, cuja obsessão fantasiosa leva ao absurdo. Incapacidade intelectual e insensibilidade moral caracterizam esta personagem, que tenta escapar à realidade através da leitura de romances de amor.
Madamme Bovary é uma obra que pelo pendor realista que a caracteriza se torna por vezes enfadonha. Entre os acontecimentos importantes arrasta-se um vagar quotidiano um tanto cansativo e contrastante com a exacerbada componente sexual e emotiva que Emma empresta ao romance. As suas experiências extra-conjugais são narradas ironicamente, e não se encontra um personagem em toda a obra que não seja alvo de sátira.
Flaubert pintou, com o perfil dos personagens, o quadro de uma sociedade. O conformismo na pessoa de Charles. A nobreza decadente em Rodolphe. A promessa de um futuro de sucesso da pequena burguesia em Leon. Em Lheureux e Guillaumin, a burguesia enriquecida. A ascensão da ciência e da razão em relação a uma religião em crise na figura de Homais. E, finalmente, Emma Bovary, o próprio retrato da crise da sociedade. De uma sociedade que acabou com a importância da religião e que, não encontrando o que colocar em seu lugar, sofreu com a falta de uma regulamentação moral. Uma sociedade que está doente, cansada e desencantada frente à inutilidade de uma busca sem fim.
No ano em que o livro Madame Bovary foi publicado, houve na França um grande interesse pela obra, que chegou levar o seu escritor a julgamento. O romance foi considerado imoral pelo governo francês, que decidiu mover um processo contra Flaubert. Foi processado por ofender a moral pública. E hoje, como vimos, Madamme Bovary é considerado obra-prima e precursor do Realismo na Europa.
O tema da leitura e do devaneio romântico é desenvolvido através da relação da personagem central, Emma Bovary, com os livros. Emma é uma grande leitora de romances românticos que constrói, a partir deles, um referencial de vida idealizado. Essa influência romântica se associa a seu sentimento de insatisfação permanente com o mundo burguês. A literatura é vista como refúgio, espaço de vivência mais rico, através do qual a personagem busca fugir da mediocridade da sociedade, mas, por outro lado, é também instrumento de alienação que leva Emma a um fim trágico.
O romance é apresentado em três partes. Na primeira, nota-se a personalidade medíocre e acomodada do futuro marido de Emma, Charles Bovary. Lento nos estudos, nunca chegaria a ser brilhante na profissão que escolhera, a medicina. Viúvo, casou-se com Emma e foi morar na província de Tostes. Para Charles a vida não poderia estar melhor. Para Emma, no entanto, “...à medida que se estreitava mais a intimidade de suas vidas, alguma coisa gradativamente a separava dele.” Antes de se casar acreditava sentir amor por ele, porém não encontrou no casamento a felicidade mostrada nos livros que lera enquanto esteve educando-se no convento. Depois de um baile no castelo de Vaubyessard, Emma sentiu uma perturbação desconhecida. Algo lhe dizia que sua vida não seria mais a mesma depois de ter conhecido este mundo de luxo e de riqueza tão diferente do seu. De volta à rotina, tanto se queixou que convenceu o marido, Charles, a se mudar para a província de Yonville.
Na segunda parte, já em Yonville, Emma engravidou, e ficou desejosa por ter um filho homem. Teve uma menina, que entrega aos cuidados de mãe Rollet, ama-de-leite. Uma nova rotina vai se delineando. Todos os dias após o jantar reúnem-se na casa dos Bovary, Homais e Leon. Homais é o farmacêutico que é contra a igreja e a religião e defensor dos ideais iluministas e da ciência. Léon é um jovem escrevente, estudante de direito que, por ter se apaixonado por Emma e não ser correspondido - foi para Paris. A partida de Leon é um golpe para Emma que perde, assim, a única pessoa com quem gostava de estar. Tudo em Yonville torna-se extremamente tedioso. Envolve-se, então, com Rodolphe, um nobre decadente que vive em seu castelo nos arredores de Yonville. Porém, após algum tempo o romance se esvazia e ele rompe com Emma, que adoece. Recuperada do golpe, apega-se à religião, que também não a satisfaz.
Na última parte, Emma reencontra Leon em Ruão. Tornam-se amantes. Mais uma vez, Emma busca no amor uma saída para o descontentamento de sua vida. Por esta época inicia um caminho sem volta. Compra presentes para Leon e roupas luxuosas para si do comerciante Lheureux. Endivida-se. Negocia as dívidas, sempre à revelia de Charles. Assina letras que sabia não poder pagar. Chega o momento, porém, em que é cobrada judicialmente e tem sua casa penhorada. Entra em pânico, desespera-se. Busca ajuda de Rodolphe e Leon. Não recebe. Como última alternativa, procura o tabelião Guillaumin, mas este tenta possuí-la em troca da ajuda. Emma não se vende. Sozinha, esgotada e sem saída, suicida-se.
Emma é uma mulher que busca um caminho diferente daquele em que foi preparada para percorrer. Mas como fazê-lo se toda mulher era preparada e empurrada para o casamento? O comportamento da personagem de Flaubert anuncia uma mudança que em breve colocaria o mundo macho de cabeça para baixo: o poder de escolha da mulher que sempre esteve paralisada pelas ordens dos homens. Emma não aceitava ser dominada, não era submissa, prendada ou fiel.
O tédio de Emma vai além da falta de graça e vida de seu marido, porque quase nada a satisfaz por muito tempo. Vaidosa, cheia de vontades, uma verdadeira mulher de fases, que ora alterna o ímpeto da paixão pela vida e pelos amantes, ora entra em um estado de letargia desconsolado com a existência. Nem o nascimento de sua filha faz com que o amor pleno tome conta de Madame Bovary, que procura incessantemente as paixões nas páginas dos romances – os quais chegou a ser proibida de ler por causa dos conselhos da sogra, que pouco a estimava.
As traições de Emma parecem ser percebidas por todos da pequena comunidade. Diferente das mulheres prendadas e dedicadas ao marido, ela é uma verdadeira consumista que afunda Charles em dívidas homéricas e irreversíveis. Dinheiro, luxo, sexo, chantagem. Em um século sem Aids, querer satisfazer desejos sem preocupações mortais era um capricho. Emma buscava amantes que pudessem levá-la aonde ela quisesse, já que sozinha ela não poderia ir. Ela queria ser quem não era – fenômeno hoje designado pela psiquiatria como Bovarismo.
Além da leitura de romances e da existência de ideias permanentes e pertencentes a um mundo paralelo que corrói apenas sua mente e traz desgraças para seu marido, Charles, Emma arquiteta cuidadosamente aventuras reais. Aventuras que se transformam em desconfortáveis paranoias a partir do momento em que ela começa a perder a noção da realidade e entra de vez no mundo de sonhos e desejos de uma vida repleta de emoções arrebatadoras. Um comportamento que demorou alguns anos para que se tornasse verdadeiramente perigoso, mas que, como uma cova funda, engoliu Emma e sua família de forma drástica e trágica, acidamente e detalhadamente descrito por Flaubert, grande estudioso da estupidez humana em uma época em que a medicina, a moral e a religião ainda causavam muitos erros, enganos e dores.
O suicídio é o fim de Emma Bovary. A sociedade francesa do século XIX sofreu com as mudanças sociais ocorridas no mundo, mudanças que têm raízes no Renascimento e atingem seu ápice com os ideais iluministas, culminando na Revolução Francesa, e que estão intimamente ligadas às mudanças nas relações de produção, resultantes da Revolução Industrial. As metamorfoses se fazem sentir em todos os aspectos da vida social levando a sociedade a uma profunda crise moral. Madamme Bovary é a radiografia desta sociedade que sofre de anomia, que se encontra afundada em uma crise da qual parece não ter solução. A forma crua de exposição adotada por Flaubert causou escândalo e foi motivo para que ele fosse processado pelo Ministério Público por ofender a moral pública e religiosa.

A Cartomante - Machado de Assis

A Cartomante

HAMLET observa a Horácio que há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade...
Errou! interrompeu Camilo, rindo.
  Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois...
Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa.
Onde é a casa?
Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez:
Tu crês deveras nessas coisas? *perguntou-lhe.
Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muita cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranquila e satisfeita.
 Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento: limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.
Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana  de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.
Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo.
 — É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo, falava sempre do senhor.
Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vinte e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição.
Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.
Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela, era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor de feminina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as coisas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração, não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as coisas que o cercam.
Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura, mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.
Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato.
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento:  —a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.
Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível.
Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com as das cartas que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a...
Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram os meios de se corresponderem, em caso de necessidade, e separaram-se com lágrimas.
 No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele combinou todas essas coisas com a notícia da véspera.
— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os olhos no papel.
Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando da pena e escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a ideia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a ideia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.
Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas, ou então, — o que era ainda pior, — eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Ditas assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a ideia, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção do Largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a trote largo.
"Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim..." Mas o mesmo trote do cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase no fim da Rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar, a rua estava atravancada com uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino.
Camilo reclinou-se no tílburi, para não ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar à primeira travessa, e ir por outro caminho: ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa... Depois fez um gesto incrédulo: era a ideia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos... Na rua, gritavam os homens, safando a carroça:
Anda! agora! empurra! vá! vá! Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras coisas: mas a voz do marido sussurrava-lhe a orelhas as palavras da carta: "Vem, já, já..." E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar. Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... pensou rapidamente no inexplicável de tantas cousas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários: e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: "Há mais coisas no céu e na terra do que sonha a filosofia... " Que perdia ele, se... ?
Deu por si na calçada, ao pé da porta: disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não, viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve ideia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.
    A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...
Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma coisa ou não...
A mim e a ela, explicou vivamente ele.
A cartomante não sorriu: disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez das cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas. três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela curioso e ansioso.
As cartas dizem-me...
Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável muita cautela: ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita. . . Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.
A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante. Esta levantou-se, rindo.
Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato...
 E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse a mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço.
 — Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira.
 Quantas quer mandar buscar?
 Pergunte ao seu coração, respondeu ela.
Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lhe. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis.
Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá, tranquilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu...
A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante, alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu a trote largo.
Tudo lhe parecia agora melhor, as outras coisas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo.
Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.
E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer coisa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. Às vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação: Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.
A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.
Daí a pouco chegou à casa de Vilela. Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.
Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?
 Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre o canapé, estava Rita morta e ensanguentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão.
                                                                           (Machado de Assis)

                                FIM

sábado, 8 de agosto de 2015

Gincana de Língua Portuguesa - Vespertino - 3º Bimestre

Conteúdo:


Metodologia:

1º - Ler o livro;
2º - Formar grupo com no máximo 5 pessoas;
3º - Parodiar uma imagem, foto ou tela de um artista sobre a história do livro. Pode ser em cartolina, papel cartão, papel pardo ou impresso em banner; Veja um exemplo a seguir:

Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.
















4º - Produzir um grito de apresentação que caracterize o grupo reforçando a importância da leitura;
5º - Cada grupo terá uma cor como identificação, informa-se com a professora. No dia da Gincana deverá estar o grupo uniformizado com a cor, a criatividade contará como nota. Observação: Somente será permitido essa uniformização durante as aulas de Língua Portuguesa que ocorrer a Gincana.
6º - Participar do Quiz. Esse ocorrerá da seguinte forma, por rodada, os alunos responderão a questões relacionadas ao livro, cada pergunta valerá 0,5 pontos. A pergunta que um grupo não souber responder outro terá a chance de responder, serão somente 10 rodadas, totalizando no máximo 5,0 pontos.
7º - Montar uma pasta para ser entregue no dia da Gincana com as seguintes informações:
- identificação da escola, professora, disciplina, série, alunos, cor do grupo, paródia, grito de guerra, resumo da obra, depoimento de cada integrante do grupo sobre a experiência que teve com a leitura do livro.

Avaliação

* Paródia = 1,0
* Grito de Apresentação = 1,0
* Uniformização = 1,0
* Pasta = 1,0
* Comportamento no dia da Gincana = 1,0
* Quiz = 5,0

Data da Gincana

1º D = 14/09 e 17/09
1º E = 15/09 e 17/09
1º F = 15/09 e 18/09
2º D = 14/09 e 15/09
2º E = 15/09 e 18/9
3º B = 17/09 e 18/09

Observação: Serão utilizadas 2 aulas por sala pra realizar a Gincana

Gincana de Língua Portuguesa - MATUTINO - 3º Bimestre

Conteúdo:



Metodologia:

1º - Ler o livro;
2º - Formar grupo com no máximo 5 pessoas;
3º - Parodiar uma imagem, foto ou tela de um artista sobre a história do livro. Pode ser em cartolina, papel cartão, papel pardo ou impresso em banner; Veja um exemplo a seguir:





Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.






















4º - Produzir um grito de apresentação que caracterize o grupo reforçando a importância da leitura;
5º - Cada grupo terá uma cor como identificação, informa-se com a professora. No dia da Gincana deverá estar o grupo uniformizado com a cor, a criatividade contará como nota. Observação: Somente será permitido essa uniformização durante as aulas de Língua Portuguesa que ocorrer a Gincana.
6º - Participar do Quiz. Esse ocorrerá da seguinte forma, por rodada: os alunos responderão a questões relacionadas ao livro, cada pergunta valerá 0,5 pontos. A pergunta que um grupo não souber responder outro terá a chance de responder, serão somente 10 rodadas, totalizando no máximo 5,0 pontos.
7º - Montar uma pasta para ser entregue no dia da Gincana com as seguintes informações:
- identificação da escola, professora, disciplina, série, alunos, cor do grupo, paródia, grito de guerra, resumo da obra, depoimento de cada integrante do grupo sobre a experiência que teve com a leitura do livro.

Avaliação

* Paródia = 1,0
* Grito de Apresentação = 1,0
* Uniformização = 1,0
* Pasta = 1,0
* Comportamento no dia da Gincana = 1,0
* Quiz = 5,0

Data da Gincana

1º A, C = 15/09 e 18/09
1º B = 14/09
2º A = 14/09 e 18/09
2º B = 17/09
2º C = 14/09 e 17/09
3º A = 18/9

Observação: Serão utilizadas 2 aulas por sala pra realizar a Gincana.

Prova Mensal de Literatura - Vespertino - 3ª Bimestre

Prova Mensal de Literatura

Conteúdos
Realismo em Portugal(características literárias, contexto histórico, interpretação de poema), A Cartomante de Machado de Assis e Madame Bovary de Gustave Flaubert.

Data da prova
2º D, E: 27/08

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Prova Mensal de Língua Portuguesa - Vespertino - 3º Bimestre

Prova Mensal de Língua Portuguesa

Conteúdos
Emprego do hífen, leitura e interpretação de conto.
Data da prova
1º D: 24/08
1º E e 1º F :  25/08

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Conteúdos
Adjunto adverbial.
Data da prova
2º D, E: 25/08

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Conteúdos
Oração subordinada adverbial e interpretação de conto.
Data da prova
3º B: 21/08

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Prova Mensal de Língua Portuguesa - Matutino - 3º Bimestre

Prova Mensal de Língua Portuguesa
Conteúdos
Radical, desinência nominal e verbal, vogal temática, tema, derivação, composição.
Data da prova
1ºB: 24/08
1ºA e 1ºC :  25/08

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Conteúdos
Adjunto adverbial.
Data da prova
2ºB: 20/08
2ºC:24/08
2ºA:  24/08

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Conteúdos
Período composto por coordenação e subordinação, regência nominal, oração subordinada adverbial.
Data da prova
3ºA: 29/08


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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Licença Médica - 2º anos - Língua Portuguesa

                                                    TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
Sobre os Termos Acessórios
Existem termos que, apesar de dispensáveis na estrutura básica da oração, são importantes para a compreensão do enunciado. Ao acrescentar informações novas, esses  termos:
- caracterizam o ser;
- determinam os substantivos;
- exprimem circunstância.
São termos acessórios da oração: o adjunto adverbial, o adjunto adnominal e o aposto.

                     Adjunto Adverbial
É o termo da oração que indica uma circunstância (dando ideia de tempo, lugar, modo, causa, finalidade, etc.). O adjunto adverbial é o termo que modifica o sentido de um verbo, de um adjetivo ou de um advérbio. Observe as frases abaixo:
Eles se respeitam muito.
Seu projeto é muito interessante.
O time jogou muito mal.
Nessas três orações, muito é adjunto adverbial de intensidade. No primeiro caso, intensifica a forma verbal respeitam, que é núcleo do predicado verbal. No segundo, intensifica o adjetivo interessante, que é o núcleo do predicativo do sujeito. Na terceira oração, muito intensifica o advérbio mal, que é o núcleo do adjunto adverbial de modo.
Veja o exemplo abaixo:
Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.
Os termos em destaque estão indicando as seguintes circunstâncias:
amanhã indica tempo;
de bicicleta indica meio;
àquela velha praça indica lugar.
  Sabendo que a classificação do adjunto adverbial se relaciona com a circunstância por ele expressa, os termos acima podem ser classificados, respectivamente em: adjunto adverbial de tempo, adjunto adverbial de meio e adjunto adverbial de lugar.
O adjunto adverbial pode ser expresso por:
1) Advérbio: O balão caiu longe.
2) Locução Adverbial: O balão caiu no mar.
3) Oração: Se o balão pegar fogo, avisem-me.

Classificação do Adjunto Adverbial
1.Acréscimo - Por Exemplo: Além da tristeza, sentia profundo cansaço.
2.Afirmação - Por Exemplo: Sim, realmente irei partir. Ele irá com certeza.
3.Assunto - Por Exemplo: Falávamos sobre futebol. (ou de futebol, ou a respeito de futebol).
4.Causa - Por Exemplo: Com o calor, o poço secou. Não comentamos nada por discrição. O menor trabalha por necessidade.
5.Companhia - Por Exemplo: Fui ao cinema com sua prima. Com quem você saiu?  Sempre contigo irei estar.
6.Concessão - Por Exemplo: Apesar do estado precário do gramado, o jogo foi ótimo.
7.Condição - Por Exemplo: Sem minha autorização, você não irá. Sem erros, não há acertos.
8.Conformidade - Por Exemplo: Fez tudo conforme o combinado. (ou segundo o combinado)
9.Dúvida - Por Exemplo: Talvez seja melhor irmos mais tarde. Porventura, encontrariam a solução da crise?
Quiçá acertemos desta vez.
10.Fim, finalidade - Por Exemplo: Ela vive para o amor. Daniel estudou para o exame. Trabalho para o meu sustento.
Viajei a negócio.
11.Frequência - Por Exemplo: Sempre aparecia por lá. Havia reuniões todos os dias.
12.Instrumento - Por Exemplo: Rodrigo fez o corte com a faca. O artista criava seus desenhos a lápis.
13.Intensidade - Por Exemplo: A atleta corria bastante. O remédio é muito caro.
14.Limite - Por Exemplo: A menina andava correndo do quarto à sala.
15.Lugar - Por Exemplo: Nasci em Porto Alegre. Estou em casa. Vive nas montanhas. Viajou para o litoral.
"Há, em cada canto de minh’alma, um altar a um Deus diferente." (Álvaro de Campos)
16.Matéria - Por Exemplo: Compunha-se de substâncias estranhas. Era feito de aço.
17.Meio - Por Exemplo: Fui de avião. Viajei de trem. Enriqueceram mediante fraude.
18.Modo - Por Exemplo: Foram recrutados a dedo. Fiquem à vontade. Esperava tranquilamente o momento decisivo.
19.Negação - Por Exemplo: Não há erros em seu trabalho. Não aceitarei a proposta em hipótese alguma.
20.Preço - Por Exemplo: As casas estão sendo vendidas a preços muito altos.
21.Substituição ou troca - Por Exemplo: Abandonou suas convicções por privilégios econômicos.
22.Tempo - Por Exemplo: O escritório permanece aberto das 8h às 18h. Beto e Mara se casarão em junho.
Ontem à tarde
 encontrou um velho amigo.

Atividades
Leia este poema, de Carlos Drummond de Andrade, e responda às questões de 1 a 5.
Classe mista
“Meninas, meninas,
do lado de lá.
Meninos, meninos,
do lado de cá.”
Por que sempre dois lados,
corredor no meio,
professora em frente,
e o sonho de um tremor de terra

que só acontece em Messina,
jamais, jamais em Minas,
para, entre escombros, me ver
junto de Conceição até o fim do curso?

1. A partir do 5º verso do poema, é o eu lírico quem fala. Nos quatro versos iniciais, as aspas indicam que quem fala é outra pessoa. Quem provavelmente é essa pessoa? Por quê?

2. O eu lírico sonha com um terremoto em Minas. Por quê? Qual é o verdadeiro desejo dele?

3. O adjunto adverbial tem um papel de destaque na construção desse poema.
a) Identifique e reúna os adjuntos adverbiais em dois grupos: os que indicam lugar e os que  indicam tempo. 
b) Qual dos dois tipos de advérbio aparece mais vezes no texto? 
c) Que relação há entre o desejo do eu lírico de ficar junto de Conceição e o predomínio desse  tipo de adjunto adverbial no texto?

4. Antigamente, a maior parte das escolas não misturava meninos e meninas numa mesma sala de  aula. O poema provavelmente retrata uma situação vivida pelo poeta quando criança (ele nasceu  em 1902). Para os padrões atuais de escola:
a) Você acha que essa classe é realmente mista?
b) Que parte da sala de aula representa, verticalmente, a divisão entre meninos e meninas?

5. Faça você também um poema empregando vários adjuntos adverbiais do mesmo tipo. Sugerimos
o par ontem e hoje, que permite comparar o passado e o presente. Se quiser, brinque com as
situações, mostrando as vantagens que tinha quando bebê e as desvantagens de ter crescido; ou as
vantagens de ser filho único e as desvantagens de ter mais irmãos; e assim por diante. Se preferir,
escolha outros adjuntos ou pares de adjuntos. Ao terminar, dê um título ao seu texto.

6.Tendo como referência os termos em destaque, relacione a 2ª coluna de acordo com a primeira:
a – Quando chegares do trabalho avise-me.
b – O discurso do diretor foi aplaudido com entusiasmo.
c – Visitaremos o litoral nordestino nestas férias.
d – Como chovia bastante, não fomos ao cinema, conforme combinado.
e – Fiquei muito agradecida pela sua ajuda.

(  ) adjunto adverbial de intensidade    (  ) adjunto adverbial de lugar  (  ) adjunto adverbial de modo
(  ) adjunto adverbial de causa             (  ) adjunto adverbial de tempo

7.Identifique os adjuntos adverbiais e classifique quanto a sua circunstância.
a) Cheguei cedo.
b) Falaram muito.
c) Eles chegaram bastante cedo.
d) Eram alunas muito bonitas.
e) Onde você mora?
f) Quando você volta?
g) Não sei como ele faz isso.
h) Ele falava muito mal.
i) Ali se vendem relógios.
j) Muitas crianças estão morrendo de fome devido à desnutrição.
k) Falavam sobre política.
l) Cortou-se com a faca
m) Talvez ele corra na praia.

8.Transcreva da tirinha os adjuntos adverbiais e classifique-os:

9.Reescreva as orações, inserindo um adjunto adverbial  SOLICITADO NOS PARÊNTESES
a)Vou passar o feriado de 7 de setembro com minha família.(LUGAR)
b)Uma vendedora ambulante foi atropelada.(TEMPO
 c)Os quatro atletas foram punidos.(CAUSA)
 f) Marquinhos foi promovido a gerente.(NEGAÇÃO)