domingo, 28 de fevereiro de 2016

3º anos - Língua Portuguesa 1

     SEMÂNTICA

 DEFINIÇÃO
Em linguística, Semântica estuda o significado e a interpretação do significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expressão em um determinado contexto. Nesse campo de estudo se analisa, também, as mudanças de sentido que ocorrem nas formas linguísticas devido a alguns fatores, tais como tempo e espaço geográfico.

 Significação das Palavras
Quanto à significação, as palavras são divididas nas seguintes categorias:

Sinônimos
As palavras que possuem significados próximos são chamadas sinônimosExemplos:
casa - lar - moradia - residência
longe - distante
delicioso - saboroso
carro - automóvel
Observe que o sentido dessas palavras são próximos, mas não são exatamente equivalentes. Dificilmente encontraremos um sinônimo perfeito, uma palavra que signifique exatamente a mesma coisa que outra.
Há uma pequena diferença de significado entre palavras sinônimas. Veja que, embora casa lar sejam sinônimos, ficaria estranho se falássemos a seguinte frase:
Comprei um novo lar.

Obs.: o uso de palavras sinônimas pode ser de grande utilidade nos processos de retomada de elementos que inter-relacionam as partes dos textos.

Antônimos
São palavras que possuem significados opostos, contrários. Exemplos:
mal / bem
ausência / presença
fraco /  forte
claro / escuro
subir / descer
cheio / vazio
possível / impossível

Polissemia
Polissemia é a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar mais de um significado nos múltiplos contextos em que aparece. Veja alguns exemplos de palavras polissêmicas:
cabo (posto militar, acidente geográfico, cabo da vassoura, da faca)
banco (instituição comercial financeira, assento)
manga (parte da roupa, fruta)

Homônimos
São palavras que possuem a mesma pronúncia (algumas vezes, a mesma grafia), mas significados diferentes. Veja alguns exemplos no quadro abaixo:

acender (colocar fogo)
ascender (subir)
acento (sinal gráfico)
assento (local onde se senta)
acerto (ato de acertar)
asserto (afirmação)
apreçar (ajustar o preço)
apressar (tornar rápido)
bucheiro (tripeiro)
buxeiro (pequeno arbusto)
bucho (estômago)
buxo (arbusto)
caçar (perseguir animais)
cassar (tornar sem efeito)
cegar (deixar cego)
segar (cortar, ceifar)
cela (pequeno quarto)
sela (forma do verbo selar; arreio)
censo (recenseamento)
senso (entendimento, juízo)
céptico (descrente)
séptico (que causa infecção)
cerração (nevoeiro)
serração (ato de serrar)
cerrar (fechar)
serrar (cortar)
cervo (veado)
servo (criado)
chá (bebida)
xá (antigo soberano do Irã)
cheque (ordem de pagamento)
xeque (lance no jogo de xadrez)
círio (vela)
sírio (natural da Síria)
cito (forma do verbo citar)
sito (situado)
concertar (ajustar, combinar)
consertar (reparar, corrigir)
concerto (sessão musical)
conserto (reparo)
coser (costurar)
cozer (cozinhar)
esotérico (secreto)
exotérico (que se expõe em público)
espectador (aquele que assiste)
expectador (aquele que tem esperança, que espera)
esperto (perspicaz)
experto (experiente, perito)
espiar (observar)
expiar (pagar pena)
espirar (soprar, exalar)
expirar (terminar)
estático (imóvel)
extático (admirado)
esterno (osso do peito)
externo (exterior)
estrato (camada)
extrato (o que se extrai de algo)
estremar (demarcar)
extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso)
inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante)
insipiente (ignorante)
laço (nó)
lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho)
russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno)
taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a)
taxar (fixar taxa)

Homônimos Perfeitos
Possuem a mesma grafia e o mesmo som.
Por Exemplo:
Eu cedo este lugar para a professora. (cedo = verbo)
Cheguei cedo para a entrevista. (cedo = advérbio de tempo)
Atenção:
Existem algumas palavras  que possuem a mesma escrita (grafia), mas a pronúncia e o significado são sempre diferentes. Essas palavras são chamadas de homógrafas e são uma subclasse dos homônimos.Observe os exemplos:
almoço (substantivo, nome da refeição)
almoço (forma do verbo almoçar na 1ª pessoa do sing. do tempo presente do modo indicativo)

gosto (substantivo)
gosto (forma do verbo gostar na 1ª pessoa do sing. do tempo presente do modo indicativo)

Parônimos
É a relação que se estabelece entre palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita. Veja alguns exemplos no quadro abaixo.

absolver (perdoar, inocentar)
absorver (aspirar, sorver)
apóstrofe (figura de linguagem)
apóstrofo (sinal gráfico)
aprender (tomar conhecimento)
apreender (capturar, assimilar)
arrear (pôr arreios)
arriar (descer, cair)
ascensão (subida)
assunção (elevação a um cargo)
bebedor (aquele que bebe)
bebedouro (local onde se bebe)
cavaleiro (que cavalga)
cavalheiro (homem gentil)
comprimento (extensão)
cumprimento (saudação)
deferir (atender)
diferir (distinguir-se, divergir)
delatar (denunciar)
dilatar (alargar)
descrição (ato de descrever)
discrição (reserva, prudência)
descriminar (tirar a culpa)
discriminar (distinguir)
despensa (local onde se guardam mantimentos)
dispensa (ato de dispensar)
docente (relativo a professores)
discente (relativo a alunos)
emigrar (deixar um país)
imigrar (entrar num país)
eminência (elevado)
iminência (qualidade do que está iminente)
eminente (elevado)
iminente (prestes a ocorrer)
esbaforido (ofegante, apressado)
espavorido (apavorado)
estada (permanência em um lugar)
estadia (permanência temporária em um lugar)
flagrante (evidente)
fragrante (perfumado)
fluir (transcorrer, decorrer)
fruir (desfrutar)
fusível (aquilo que funde)
fuzil (arma de fogo)
imergir (afundar)
emergir (vir à tona)
inflação (alta dos preços)
infração (violação)
infligir (aplicar pena)
infringir (violar, desrespeitar)
mandado (ordem judicial)
mandato (procuração)
peão (aquele que anda a pé, domador de cavalos)
pião (tipo de brinquedo)
precedente (que vem antes)
procedente (proveniente; que tem fundamento)
ratificar (confirmar)
retificar (corrigir)
recrear (divertir)
recriar (criar novamente)
soar (produzir som)
suar (transpirar)
sortir (abastecer, misturar)
surtir (produzir efeito)
sustar (suspender)
suster (sustentar)
tráfego (trânsito)
tráfico (comércio ilegal)
vadear (atravessar a vau)
vadiar (andar ociosamente)



1º anos de Língua Portuguesa 1

História da Língua Portuguesa



Curiosamente, o português surgiu da mesma língua que originou a maioria dos idiomas europeus e asiáticos. Com as inúmeras migrações entre os continentes, a língua inicial existente acabou subdividida em cinco ramos: o helênico, de onde veio o idioma grego; o românico, que originou o português, o italiano, o francês e uma série de outras línguas denominadas latinas; o germânico, de onde surgiram o inglês e o alemão; e finalmente o céltico, que deu origem aos idiomas irlandês e gaélico. O ramo eslavo, que é o quinto, deu origem a outras diversas línguas atualmente faladas na Europa Oriental.
O latim era a língua oficial do antigo Império Romano e possuía duas formas: o latim clássico, que era empregado pelas pessoas cultas e pela classe dominante (poetas, filósofos, senadores, etc.), e o latim vulgar, que era a língua utilizada pelas pessoas do povo. O português originou-se do latim vulgar, que foi introduzido na península Ibérica pelos conquistadores romanos. Damos o nome de neolatinas às línguas modernas que provêm do latim vulgar. No caso da Península Ibérica, podemos citar o catalão, o castelhano e o galego-português, do qual resultou a língua portuguesa.
O domínio cultural e político dos romanos na península Ibérica impôs sua língua, que, entretanto, mesclou-se com os substratos linguísticos lá existentes, dando origem a vários dialetos, genericamente chamados romanços (do latim romanice, que significa "falar à maneira dos romanos"). Esses dialetos foram, com o tempo, modificando-se, até constituírem novas línguas. Quando os germânicos, e posteriormente os árabes, invadiram a Península, a língua sofreu algumas modificações, porém o idioma falado pelos invasores nunca conseguiu se estabelecer totalmente.
Somente no século XI, quando os cristãos expulsaram os árabes da península, o galego-português passou a ser falado e escrito na Lusitânia, onde também surgiram dialetos originados pelo contato do árabe com o latim. O galego-português, derivado do romanço, era um falar geograficamente limitado a toda a faixa ocidental da Península, correspondendo aos atuais territórios da Galiza e de Portugal. Em meados do século XIV, evidenciaram-se os falares do sul, notadamente da região de Lisboa. Assim, as diferenças entre o galego e o português começaram a se  acentuar. A consolidação de autonomia política, seguida da dilatação do império luso consagrou o português como língua oficial da nação. Enquanto isso, o galego se estabeleceu como uma língua variante do espanhol, que ainda é falada na Galícia,  situada na região norte da Espanha.
As grandes navegações, a partir do século XV d.C. ampliaram os domínios de Portugal e levaram a Língua Portuguesa às novas terras da África (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe), ilhas próximas da costa africana (Açores, Madeira), Ásia (Macau, Goa, Damão, Diu), Oceania (Timor) e América (Brasil).

A Evolução da Língua Portuguesa
           Destacam-se alguns períodos:
1) Fase Proto-histórica
Compreende o período anterior ao século XII, com textos escritos em latim bárbaro (modalidade usada apenas em documentos, por esta razão também denominada de latim tabeliônico).
2) Fase do Português Arcaico
Do século XII ao século XVI, compreendendo dois períodos distintos:
a) do século XII ao XIV, com textos em galego-português;
b) do século XIV ao XVI, com a separação entre o galego e o português.
3) Fase do Português Moderno
Inicia-se a partir do século XVI, quando a língua se uniformiza, adquirindo as características do português atual. A literatura renascentista portuguesa, notadamente produzida por Camões, desempenhou papel fundamental nesse processo de uniformização. Em 1536, o padre Fernão de Oliveira publicou a primeira gramática de Língua Portuguesa, a "Grammatica de Lingoagem Portuguesa". Seu estilo baseava-se no conceito clássico de gramática, entendida como "arte de falar e escrever corretamente".

História da língua portuguesa no Brasil

O Brasil foi "descoberto" por Portugal no ano de 1500, e desde então, com a grande presença dos portugueses nos territórios brasileiros, a língua portuguesa foi se enraizando, enquanto as línguas indígenas foram aos poucos desaparecendo. Uma delas, talvez a que mais influenciou o atual português falado no Brasil, era o Tupinambá ou Tupi-guarani, falado pelos índios que habitavam o litoral. Esta língua foi a primeira utilizada como língua geral na colônia, ao lado do português, pois os padres jesuítas que vieram para catequizar os índios, estudaram e acabaram difundindo a língua.
No ano de 1757 uma Provisão Real proibiu a utilização do Tupi, época esta, em que o Português já suplantava esta língua, ficando ele, o Português, com o título de idioma oficial. Em 1759 os jesuítas foram expulsos, e a partir de então a língua portuguesa se tornou definitivamente a língua oficial do Brasil.
A língua portuguesa, falada no Brasil, herdou, no entanto, um vasto vocabulário das línguas indígenas, principalmente no que se diz respeito às denominações da fauna, flora, e demais palavras relacionadas à natureza.
Os portugueses trouxeram, então, muitos escravos capturados na África, para trabalhar nas terras brasileiras, e estes vieram falando diversos dialetos, os quais contribuíram para a construção da nossa língua. Muito do que temos hoje, foi herdado das línguas africanas, bem como itens culturais que vieram junto com os escravos e aqui se instalaram.
Deste modo, a língua portuguesa falada no Brasil, foi se distanciando da língua portuguesa falada em Portugal, pois enquanto aqui, a língua recebia as influências dos índios (nativos) e dos imigrantes africanos, em Portugal a língua recebia influência do francês (principalmente devido à cultura, educação, etc, que na época era prestigiada na frança.)
Quando a família real veio para o Brasil, entre 1808 e 1821, as duas línguas novamente se “aproximaram”, pois devido à grande quantidade de portugueses nas grandes cidades, a língua foi sofrendo novamente a influência dos mesmos e se parecendo com a língua-mãe.
O português brasileiro sofreu, ainda, influências dos espanhóis, holandeses e demais países europeus que invadiram o Brasil após a independência (1822). Isso explica o porquê de algumas diferenças de vocabulário e/ou sotaque existentes entre algumas regiões do Brasil.
Com a influência do Romantismo (movimento artístico-literário que aconteceu no início do ségulo XIX), a literatura produzida no Brasil se intensificou, e a língua portuguesa falada no Brasil foi se encorpando e ganhando uma nova forma, diferenciando-se ainda mais da língua portuguesa falada em Portugal. Foi despertado no país o individualismo e o nacionalismo através da literatura, além da realidade política que impulsionava o país a se distanciar e diferenciar ainda mais de Portugal.
A normatização da língua foi como que consagrada pelo movimento modernista (1922), que trouxe como crítica a valorização excessiva que ainda se dava à cultura européia, e motivou o povo a valorizar sua própria língua como “brasileira”.
Recentemente tivemos uma reforma ortográfica, implantada no ano de 2009, a partir de um acordo feito entre os países que tem como idioma oficial a língua portuguesa, e algumas regras de escrita que diferenciavam a norma, foram modificadas, deixando-a unificada. A oralidade, no entanto, continua mantendo consideráveis distinções.

BONS ESTUDOS!


Ano Letivo 2016